Uma menina de laço, de trança, de cachos louros.
Uma menina de ouro. Assim a pintaram, assim a desejaram, assim acreditavam.
Assim cresceu. Queriam sempre mais. Correu. Correu. Correu. Fugiu.
Desapontei na tua perspetiva, não fui o que
tinhas sonhado. Desapontava-te mesmo antes de haver algo para desapontar,
talvez porque houvesse sempre uma comparação. Acreditavas que também não seria o que eu acreditava que
queria ser. Desaprovação sempre encarada com ironia. E isso deixava-te
irritada.
Eu era a menina de laço, de trança de cachos louros
e ao mesmo tempo de latão. Que valia tanto e nada valia.
Ainda assim, era admirada.
De certa forma nunca vamos conseguir explicar o
sentimento que fica no meio do amor e do ódio. Talvez tenha sido o que nunca te
cheguei a dizer. Dizia-te ainda para te lembrares de mim no baloiço de madeira
pendurado nas videiras.
Aquela serei sempre eu.
Com saudades do café na lareira.
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