sexta-feira, 24 de outubro de 2014

uma história. capítulo I


A primavera chegou antecipadamente àquele que seria o inverno mais gelado de sempre. 

Tempestades avassaladoras e mortíferas transformaram os corpos em não mais que isso, dois corpos pesados que dificilmente se moviam, completamente dormentes. O coração sangrava, as lágrimas que lhes corria no rosto eram esse sangue venoso, de incompreensão, de dor, de raiva, de injustiça, de muitos medos.    

Limpar-lhe as lágrimas era secar as suas lágrimas. Ainda sente o corpo quente de o embalar nos seus braços. Um ambiente triste e ao mesmo tempo aconchegante. Era uma força, um sinal de existência e que afinal ela não tinha morrido para o mundo.  




Não desejei mais do que o carinho. Não desejei mais do que o riso que espontaneamente provocavas. Não desejei mais do que aprender com a tua sabedoria. 

O sono voltou a desaparecer progressivamente por entre a noite. Já não eram consequências do inverno. Eram flores, eram borboletas, eram pássaros. Eu gosto da primavera, mas ela não tinha o direito de me roubar o sono daquela maneira. Com a primavera surgiram as alergias. AH maldito pólen. Não és ferida mas roubas a estabilidade. 

Fiz-lhe frente, em vão. 
Dois corpos juntos quentes e entrelaçados. Mais do que carinho, mais do que riso, mais do que sabedoria. Era tudo mais, inexplicavelmente. É tudo mais, inexplicavelmente.

   


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