terça-feira, 4 de março de 2014

foi carnaval.

   
   As coisas vão perdendo a beleza. As coisas vão perdendo a magia e o encanto, e eu descubro que tenho já vinte e muitos anos. Já não sou a B. pequenina e que via a essência das coisas na minha inocência. Acho que isso vai voltar a acontecer quando tiver filhos. E desejo que assim seja. Quero voltar a ver magia nas coisas.

   Tal como Natal também o carnaval pode ser quando o homem quiser. Já há tantas festas temáticas que a qualquer altura uma pessoa pode fingir-se do que não é, e outros tantos desinibir-se da máscara que carregam todos os dias. A música já lá está. As figuras menos apropriadas (o que é apropriado?) podem fazer-se à mesma. Eu que até sou toda dada a essas brilhantinas, pinturas, penteados, roupas, vestir-me noutra pele e afins (ou não fosse eu uma aspirante a atriz),  tenho a sensação que apaguei o feriado de carnaval desde o dia em que o governo fez o mesmo. 

   Limitamo-nos a por uma árvore lá em casa para lembrar o natal, a ir jantar fora no dia de namorados e passar uma hora a olhar para outros casais deprimentes da outra mesa, a vestir uma fantasia no carnaval para lembrar que é carnaval, comprar um bolo no aniversário só para apagar as velas, comer um ovo na Páscoa... e é isso ficamo-nos por pequenas lembranças só para lembrar a coisa ao invés de a sabermos viver. Talvez seja por isso que muita coisa me aborrece. Talvez seja por isso que sou a mau feitio que sou. 

   Ou é ou não é. Não gosto de fingir para além de gostar de encarnar outras personagens (assumidamente). Não gosto de fazer as coisas para ter de agradar. Não gosto de fazer só porque milhões o fazem. Porque é bonito ou fica bem. 





Sem comentários:

Enviar um comentário